A emergente democratização dos dados bancários gerará competição entre as instituições financeiras, trazendo vantagens para os usuários.

Open Banking e Open Finance: Impulsionando a Transformação Financeira na América Latina e no Chile
Na era digital, conceitos como Open Banking e Open Finance estão revolucionando o setor financeiro ao promover transparência, inovação e inclusão.
O que é Open Banking?
O Open Banking é um modelo que permite aos usuários compartilhar com segurança seus dados bancários com terceiros autorizados usando interfaces de programação de aplicativos (APIs). Isso facilita o desenvolvimento de serviços financeiros personalizados, como aplicativos de gerenciamento financeiro ou comparadores de produtos bancários. O objetivo é capacitar o consumidor, dando-lhe maior controle sobre suas informações e incentivando a concorrência no setor financeiro.
O que é Open Finance?
O Open Finance é a evolução do Open Banking. Ele expande o escopo da troca de dados para além das instituições bancárias tradicionais, incluindo informações sobre seguros, investimentos, pensões e outros serviços financeiros. Essa abordagem abrangente permite que os usuários tenham uma visão completa de sua situação financeira, facilitando decisões mais informadas e promovendo maior inclusão financeira.
Progresso na América Latina
A América Latina tem demonstrado um interesse crescente na adoção desses modelos. O Brasil implementou um sistema obrigatório e progressivo que cobre tudo, desde dados bancários até seguros e investimentos. O México, pioneiro na região, promulgou sua Lei de Fintech em 2018, lançando as bases para o Open Banking e avançando para o Open Finance. A Colômbia adotou um modelo voluntário em 2022, promovendo a interoperabilidade e a inovação em serviços financeiros.
Chile: um modelo de regulação progressiva
O Chile se posiciona como referência na implementação do Open Finance na América Latina. A Lei Fintech nº 21.521, sancionada em janeiro de 2023, institui o Sistema de Finanças Abertas (SFA), permitindo que os usuários compartilhem suas informações financeiras de forma segura e com seu consentimento. A Comissão do Mercado Financeiro (CMF) publicou em julho de 2024 os regulamentos que regulam a SFA, marcando um marco na implementação da lei. Este regulamento entrará em vigor em julho de 2026 e contempla uma implementação gradual que se estenderá até 2029.
Impacto no ecossistema financeiro
A adoção do Open Finance no Chile tem o potencial de transformar o ecossistema financeiro porque:
-Incentivará a concorrência ao permitir a entrada de novos players, como fintechs e startups, que oferecerão serviços inovadores e personalizados.
-Melhorar a inclusão financeira, facilitando o acesso a produtos e serviços financeiros para indivíduos e empresas tradicionalmente carentes.
-Impulsionar a inovação desenvolvendo soluções baseadas em análise de dados financeiros, como ferramentas de gestão financeira, seguros personalizados e produtos de poupança e investimento.
-Fortalecer a segurança e a proteção de dados por meio de normas técnicas e regulatórias que garantam o tratamento responsável das informações financeiras.
Desafios e oportunidades
Embora o Open Finance ofereça vários benefícios, ele também apresenta desafios significativos, como a necessidade de adaptar infraestruturas tecnológicas, gerenciar adequadamente o consentimento do cliente e cumprir os requisitos regulatórios. No entanto, a colaboração entre instituições financeiras, fintechs e reguladores será fundamental para superar esses desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas por esse novo paradigma financeiro.
Conclusão
O Chile se posiciona como líder na implementação do Open Finance na América Latina, graças a um marco regulatório claro e uma visão estratégica que promove a inovação e a inclusão financeira.
Um especialista, Julián Colombo, que foi Gerente de Segmentos, Pessoas e PMEs no Banco Chileno e agora é CEO da N5, fintech que fundou em 2017, diz: “A experiência chilena pode servir de modelo para outros países da região que buscam modernizar seus sistemas financeiros e se adaptar às demandas da economia digital”.