Na N5, 98% dos clientes vieram diretamente, o que nos permitiu construir uma reputação sólida desde o início.

O México está passando por uma mudança no setor financeiro; No entanto, o que parece ser uma tensão entre o banco tradicional e a fintech é visto como uma luta pelo poder que está se transformando em uma corrida em direção à modernização.
“Na última década, surgiu uma tendência muito clara: a criação de empresas de software financeiro voltadas para os desbancarizados ou insatisfeitos com seu banco. Foi assim que nasceram as fintechs muito mais ágeis, projetadas para resolver problemas específicos de forma rápida e eficiente. Com a pandemia, tudo isso se acelerou. As agências deixaram de ser uma opção e os bancos tradicionais começaram a ter dificuldades operacionais. Nesse contexto, muitas pessoas experimentaram uma fintech pela primeira vez… e eles não ficaram desapontados. Essa experiência positiva reduziu a resistência a esse tipo de empresa, ao mesmo tempo em que seus resultados financeiros começaram a decolar”, disse Julian Colombo, CEO da N5, empresa dedicada a fornecer software para bancos, seguradoras e algumas outras instituições do setor financeiro ou meios de pagamento
As fintechs entraram em cena no México e na América Latina, seduzindo os usuários com serviços ágeis, digitais e focados na experiência. Empresas como Nubank ou Mercado Pago que começaram como alternativas leves, hoje têm o valor de mercado, número de usuários e rentabilidade comparáveis a bancos com mais de um século de história.

O ecossistema fintech no México e na América Latina continua seu crescimento vertiginoso, impulsionado pela inovação tecnológica e uma demanda crescente por serviços financeiros acessíveis e eficientes.
De acordo com dados da Finnovista, existem atualmente mais de 650 startups de fintech ativas no México, o que posiciona o país como o segundo ecossistema mais importante da região, atrás apenas do Brasil.
Colombo destacou que, embora o setor bancário seja historicamente avesso ao risco e conservador, a pandemia acelerou a necessidade de transformação digital, abrindo oportunidades para as fintechs. A confiança do consumidor mexicano nessas novas empresas financeiras cresceu à medida que demonstram resultados econômicos sólidos e recebem rodadas significativas de investimentos.
“Em muitos casos, os revendedores ou distribuidores têm uma grande vantagem: trabalham com bancos há décadas, vendem-lhes várias soluções, e já têm sua confiança. É aí que entra o valor do revendedor: ele avalia um produto, valida e diz: “Coloquei minha assinatura; Isso é ótimo e pode fazer a diferença.” Essa credibilidade abre portas. No nosso caso, tivemos a sorte de 98% dos nossos clientes terem vindo diretamente para o N5. Só mais tarde começamos a trabalhar com revendedores para que eles pudessem levar nosso produto aos bancos. Mas para muitas empresas – especialmente as menores ou aquelas que ainda não possuem um produto reconhecido – o papel do distribuidor é fundamental”, explicou Julián Colombo durante a entrevista ao IT Sitio.
O executivo alerta sobre erros comuns que costumam ser cometidos nesses processos. O mais grave, segundo o CEO da N5, é optar por soluções genéricas. “O setor bancário é um setor muito específico. O software generalista não funciona bem. Soluções projetadas para a complexidade do setor financeiro devem ser desenvolvidas.”
Outra falha frequente é a chamada “compra com o espelho retrovisor”, que se traduz em investir em ferramentas que eram tendência há cinco ou dez anos, mas que hoje estão obsoletas, portanto, construir suas próprias soluções de inteligência artificial sem a especialização necessária pode gerar mais entropia do que eficiência.
Já o N5 propõe uma arquitetura desenhada a partir do núcleo financeiro, com uma orquestração de sistemas baseada em inteligência artificial. “Temos um ‘maestro’ que coordena vários agentes de IA. Cada um é hipertreinado para uma tarefa específica, desde o atendimento ao cliente até a detecção de fraudes ou integração de novos usuários“, explica Colombo. Esse modelo não apenas integra dados, mas permite uma tomada de decisão mais rápida, personalizada e econômica.
Inteligência artificial como espinha dorsal do futuro financeiro
A inteligência artificial tornou-se o pilar central da estratégia tecnológica da N5. Para Colombo, não há como voltar atrás nessa tendência. “É de longe a tecnologia mais demandada no setor financeiro. O que costumava ser feito por um ser humano muito inteligente, hoje pode ser feito por uma rede de agentes de IA bem treinados.”
Os dados compartilhados pela N5 garantem que atender um cliente com um conjunto de agentes de inteligência artificial pode custar apenas 4% do que custaria com um humano. Mesmo assim, a satisfação do usuário tende a ser maior. “Os clientes recebem respostas mais rápidas, sem erros e com disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana”, diz Colombo.
Essa automação não significa necessariamente a substituição do fator humano, mas sim sua realocação para tarefas mais estratégicas. Assim, outra tecnologia em expansão é a medição de desempenho e incentivos por meio de plataformas integradas, que ajudam a otimizar o talento dentro das organizações.

Os bancos digitais estão liderando o caminho na integração totalmente digital, oferecendo maior acessibilidade aos usuários sem banco.
México no centro da revolução
Para a N5, o México representa um mercado estratégico. Não só pela sua dimensão e potencial, mas também pela crescente abertura à transformação digital. “O México é uma prioridade para nós. Na verdade, estamos prestes a fechar o maior contrato da história da empresa com um banco mexicano muito importante”, avança Colombo. Embora não revele o nome da instituição, ele deixa claro que é um acordo que consolidará a N5 como um parceiro tecnológico fundamental no país.
Esse tipo de aliança não apenas fortalece a posição das empresas de tecnologia no ecossistema financeiro, mas também impulsiona outras instituições a seguirem o mesmo caminho. Nesse contexto, a competição entre bancos tradicionais e fintechs torna-se menos uma batalha e mais uma convergência inevitável.
O avanço da digitalização financeira tem uma consequência positiva que não pode ser ignorada, que é a inclusão. De acordo com a Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV), ainda existem mais de 40 milhões de pessoas sem conta bancária no México. Plataformas digitais, aplicativos móveis e soluções como as desenvolvidas pela N5 podem ajudar a preencher essa lacuna, levando serviços financeiros a populações que antes não tinham acesso.
Nesse sentido, o processo de modernização é mais do que uma estratégia de competitividade: é uma ferramenta para democratizar as finanças. “A tecnologia possibilita a prestação de serviços de qualidade a baixo custo, mesmo em áreas remotas ou carentes. Isso muda as regras do jogo”, conclui Colombo.
