Especialistas alertam sobre o impacto da IA nos empregos intelectuais e propõem uma nova forma de trabalhar
A inteligência artificial (IA) está redefinindo o panorama do mercado de trabalho global.
Sam Altman, CEO da OpenAI, alerta que a automação não afetará apenas setores industriais, mas também profissões intelectuais como ciência, arte e desenvolvimento de software. Segundo Altman, “a decolagem começou”, referindo-se ao ponto de inflexão em que a IA já supera os humanos em tarefas específicas e começa a transformar o mundo do trabalho.
Ian Bremmer, cientista político e especialista em negócios, gerou polêmica ao desencorajar fortemente que crianças sejam incentivadas a estudar programação desde cedo. Em uma entrevista, ele comparou essa escolha a “fazer uma tatuagem no rosto”, sugerindo que pode ter consequências negativas significativas no futuro profissional dos jovens, devido ao impacto crescente da IA em tarefas que antes exigiam programadores.
Julián Colombo, economista argentino e CEO da N5, uma empresa de software presente em mais de 15 países, oferece uma visão única sobre como a IA impactará o mundo do trabalho, especialmente no setor financeiro.
“A IA não vai eliminar empregos, mas sim transformar tarefas, liberando o verdadeiro potencial humano”, afirma Colombo.
Segundo ele, os profissionais do futuro serão “supervisores de inteligências artificiais”, capazes de compreender tanto o cliente quanto o algoritmo.
Para ilustrar essa transformação, Colombo recorre a paralelos históricos. Ele destaca três marcos na evolução do setor bancário:
- Caixas eletrônicos: introduziram a automação nas transações básicas.
- Internet: permitiu que os serviços bancários chegassem às casas das pessoas.
- Celulares: tornaram o acesso ao banco possível a qualquer hora e lugar.
“Agora, a inteligência artificial é o próximo grande passo”, afirma Colombo.
¨A IA vai democratizar a empatia nos serviços financeiros”, ele prevê, destacando em sua palestra a emergência de um novo papel: o “comandante de inteligência artificial”. Essa posição, ainda inexistente, será responsável por gerenciar IA para oferecer consultoria humana, combinando tecnologia com confiança e calor humano.
Colombo também aborda a resistência à mudança, comparando-a com momentos históricos em que a inovação foi subestimada. ¨A Muralha da China é a confiança de que o avião nunca vai existir”, reflete ele, ressaltando como o excesso de confiança em estruturas tradicionais pode impedir a adoção de novas tecnologias.
A N5 desenvolveu ferramentas como Alfred, um assistente interno que organiza informações para facilitar o acesso a dados; Pep, um coach virtual que treina equipes financeiras simulando conversas reais com clientes; e Singular, um motor de análise de dados em tempo real. Essas soluções buscam melhorar a eficiência operacional sem perder o foco humano.
- Essas soluções têm como objetivo aumentar a eficiência operacional sem perder o foco no fator humano.
“A IA vai democratizar a empatia nos serviços financeiros”,
repete Colombo, reforçando a importância de integrar tecnologia e humanidade de forma equilibrada. Sua visão une inovação e empatia, posicionando a N5 como líder na evolução do setor financeiro.
Esse posicionamento reforça a importância de adaptar-se às mudanças tecnológicas sem perder de vista o valor da interação humana no ambiente de trabalho.
O barateamento da sobrevivência e a redefinição do trabalho
Colombo também reflete sobre como a IA pode impactar a estrutura econômica e social, especialmente em relação ao barateamento da sobrevivência. À medida que a automação e a eficiência impulsionadas pela IA reduzem os custos de produção e serviços básicos, surge a possibilidade de que as necessidades fundamentais se tornem mais acessíveis para uma parte maior da população.
Isso poderia libertar as pessoas de trabalhos meramente de subsistência, permitindo que se dediquem a atividades mais criativas, educativas ou voltadas ao desenvolvimento pessoal.
No entanto, ele adverte que esse potencial só será alcançado se forem implementadas políticas públicas adequadas, que assegurem uma distribuição justa dos benefícios gerados pela IA, e se for promovida uma cultura que valorize o aprendizado contínuo e a adaptação às mudanças.
Essas opiniões refletem a complexidade do debate sobre IA e trabalho, e sublinham a necessidade de uma adaptação proativa e formação contínua para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que essa revolução tecnológica oferece.