Impulsionado pelo setor privado e pela inovação tecnológica, o modelo de Finanças Abertas avança no país sem uma regulamentação integral, mas com forte potencial para transformar o acesso ao crédito, a inclusão financeira e o empoderamento do usuário.
A Argentina e o Open Finance
O estado do Open Finance na Argentina em 2025 apresenta avanços significativos impulsionados principalmente pelo setor privado, embora ainda careça de uma regulamentação específica que o estruture formalmente.
Apesar da ausência de uma norma abrangente, diversas instituições financeiras e fintechs já adotaram práticas de Open Finance. Por exemplo, o Banco Industrial (BIND) implementou um “Banco de APIs” que facilita a integração de serviços financeiros, permitindo aos usuários acessarem investimentos, crédito e pagamentos de forma mais eficiente.
Além disso, iniciativas como Transferências 3.0 e a interoperabilidade de códigos QR melhoraram a digitalização dos pagamentos e a inclusão financeira no país.
Apesar dos atrasos — que não ocorrem apenas na Argentina — os reguladores financeiros do país demonstraram interesse em avançar nesse modelo. Durante o Fórum da Câmara Argentina de Fintech em outubro de 2024, representantes do Banco Central, da Comissão Nacional de Valores e da Unidade de Informação Financeira concordaram sobre a necessidade de abrir o sistema a novas tecnologias e modelos de negócio, incluindo o Open Finance.
Segundo o índice regulatório da Iupana, a Argentina está em uma fase intermediária de desenvolvimento normativo em comparação com países como Brasil e México, que já possuem marcos regulatórios mais avançados.
Um dos principais desafios para a implementação eficaz do Open Finance na Argentina é a proteção de dados e a privacidade dos usuários. A falta de padrões técnicos e a necessidade de uma tecnologia mais robusta explicam a lentidão de um processo que já não tem volta.
A adoção do Open Finance oferece oportunidades significativas para ampliar o acesso ao crédito, fomentar a concorrência e promover a inclusão financeira no país.
Alguns sinais da política local indicam um possível avanço mais rápido no futuro próximo.
O Open Finance está transformando a forma como os argentinos gerenciam seu dinheiro, trazendo benefícios concretos para o dia a dia. A seguir, algumas das principais vantagens:
Acesso ampliado ao crédito
Tradicionalmente, obter crédito dependia fortemente do histórico bancário e de emprego. Com o Open Finance, instituições financeiras podem avaliar uma gama mais ampla de dados — como padrões de consumo e pagamentos de serviços — permitindo que pessoas sem histórico tradicional tenham acesso ao financiamento. Um exemplo é a Ualá, que utiliza dados transacionais para oferecer microcréditos personalizados, ampliando o acesso ao crédito para setores antes excluídos.
Gestão financeira centralizada
A agregação bancária permite que os usuários visualizem todas as suas contas, cartões e investimentos em um único aplicativo, facilitando o controle financeiro e a tomada de decisões mais informadas.
Maior concorrência e personalização dos serviços
Ao permitir o compartilhamento de dados (com o consentimento do usuário), o Open Finance estimula a competição entre prestadores de serviços financeiros, resultando em ofertas mais personalizadas e condições mais vantajosas para o consumidor.
Transferências rápidas e integradas
Iniciativas como transferências imediatas no modelo “pull” permitem movimentações ágeis entre contas e carteiras digitais, melhorando a experiência nas transações do dia a dia.
Controle e decisão
O Open Finance devolve ao usuário o controle de seus dados financeiros, permitindo escolher com quem compartilhá-los e para que finalidade. Isso fortalece a transparência e a confiança no sistema.
Em resumo, o Open Finance na Argentina está avançando para um ecossistema financeiro mais inclusivo, transparente e centrado no usuário, oferecendo ferramentas que facilitam a gestão do dinheiro e ampliam o acesso a serviços financeiros.
O CEO e fundador da N5 apontou um problema estrutural da banca na América Latina que motiva essas iniciativas: uma grande parte da população não tem acesso ao crédito — um fator essencial para o progresso nos países mais desenvolvidos.
Esse movimento, se continuar progredindo, poderá gerar uma inclusão que nem mesmo as iniciativas mais caras conseguiram alcançar. O progresso será, assim, uma consequência natural do ingresso de milhões de pessoas na oferta de serviços financeiros.
Julián Colombo afirmou repetidamente à imprensa que a inteligência artificial será a chave para essa revolução antes inimaginável. O salto produtivo proporcionado pela IA permitirá automatizar e acelerar o acesso à indústria financeira, criando uma “democratização financeira” cujo alcance ainda não conseguimos dimensionar.
Segundo ele, o desenvolvimento acelerado por minuto — se conduzido com valores éticos inegociáveis — representa uma grande contribuição à sociedade. Um humanismo essencial que, longe de substituir a humanidade, vem para facilitar tarefas e dignificar a vida humana.