Julián Colombo, de um investimento de US$ 100 a liderar uma fintech global

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Se alguém acha que a Internet mudou sua vida, a inteligência artificial vai transformá-la ainda mais. Não é uma moda passageira: é uma mudança estrutural”, destacou.

Julián Colombo é um caso atípico no mundo financeiro e tecnológico. Economista e jornalista formado pela Universidad Católica Argentina, com estudos subsequentes na Harvard Business School, Colombo iniciou sua carreira em 1998 como representante de vendas na Internet Securities. Deu então o salto para o mundo bancário, trabalhando em diferentes áreas no Banco Santander em Espanha, México e Brasil, onde, como recorda, descobriu uma paixão inesperada: “Parecia-me que trabalhar num banco ia ser a coisa mais aborrecida do mundo, mas apaixonei-me pela banca e a banca apaixonou-se por mim”.

Essa jornada de mais de duas décadas foi o germe de uma ideia que mudaria seu destino. Em 2017 fundou a N5, uma fintech nascida com apenas 100 dólares e um computador. O que começou como uma aposta pessoal, logo se transformou em uma plataforma global que em 2021 recebeu o prêmio de Startup do Ano da Microsoft, e em 2022 o prêmio de Melhor Plataforma de Open Finance. Em setembro de 2023, a empresa alcançou um marco: levantar capital de risco de fundos internacionais como Illuminate Financial, Exor Ventures, Madrone Capital Partners, LTS Investments e Arpex Capital. Hoje o N5 está avaliado em cerca de 200 milhões de dólares.

Colombo diz que a chave era desenvolver um software que não apenas melhorasse a eficiência dos bancos, mas também antecipasse as necessidades dos clientes. “O apetite por um produto financeiro vai de 0 a 1 dependendo do momento. Se estou prestes a viajar e descobrir que não tenho seguro de saúde, estou disposto a comprá-lo imediatamente. A tecnologia nos permite detectar isso e oferecê-lo de forma inteligente”, explica ele.

O economista conta que sua empresa busca resolver um dos grandes dilemas da banca tradicional: o custo de atendimento aos clientes. “Colocar uma pessoa atrás de um balcão é muito caro e, muitas vezes, não gera retorno. Com a tecnologia, podemos reduzir esses custos, melhorar a satisfação e, ao mesmo tempo, gerar mais receita.”

Um olhar sobre a inteligência artificial

Colombo também refletiu sobre o impacto da inteligência artificial na vida cotidiana e nos negócios. Com uma visão equilibrada entre entusiasmo e cautela, ele alerta: “Se alguém acredita que a Internet mudou sua vida, a inteligência artificial vai transformá-lo ainda mais. Não é uma moda passageira: é uma mudança estrutural.”

Mesmo assim, ele reconhece os riscos. “Estamos criando algo que pode ser melhor do que nós, e é inexorável que seja. Isso implica imensas oportunidades, mas também a possibilidade de cenários complexos. Eu diria que há 20% de chance de que a IA nos leve a um cenário apocalíptico, 20% de chance de que seja um paraíso e 60% de chance de que esteja em algum lugar no meio.”

Além dos debates globais, sua abordagem é clara: a tecnologia bem aplicada pode democratizar o acesso ao conhecimento e aos serviços financeiros. “Uma criança em qualquer lugar do mundo, com apenas um dólar de processamento, pode ter acesso à mesma qualidade de educação que alguém em Harvard. Isso já está acontecendo e vai mudar tudo.”

Colombo promove uma visão focada na empatia e no fator humano como principais diferenciais no banco digital. Na Fintech Americas 2025, ele enfatizou um novo papel emergente: o “comandante da inteligência artificial”, encarregado de combinar tecnologia com um tratamento caloroso e confiável no ecossistema de trabalho.

Nas palestras ele dá em várias geografias e sempre destaca dois pontos: A democratização da banca: a necessidade de incluir milhões de pessoas excluídas para que possam obter crédito e produção. E, em segundo lugar, defende os controles éticos que a IA está exigindo desesperadamente, se não quisermos que ela gere a expulsão de milhões de pessoas do mundo do trabalho, juntamente com outras consequências cognitivas para as próximas gerações.


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