Startups financeiras na região arrecadaram US$ 15,6 bilhões em uma década, liderando a transformação digital e a inclusão financeira.
Nos últimos dez anos, o mercado de fintechs na América Latina tem se destacado como um dos mais dinâmicos e promissores do mundo. De acordo com o FinTech Report 2024, produzido pelo Distrito, as startups do setor financeiro na região arrecadaram impressionantes US$ 15,6 bilhões em 1.658 rodadas de investimento, entre 2014 e o primeiro semestre de 2024.
O Brasil é o grande protagonista desse cenário, concentrando US$ 10,4 bilhões dos investimentos totais, o que representa 66,67% do montante, distribuídos em 1.034 negociações. Apesar das dificuldades econômicas globais, as fintechs latino-americanas conseguiram não só sobreviver, mas também crescer e inovar, liderando a transformação digital do setor financeiro e promovendo a inclusão financeira em toda a região.
O Crescimento do Setor ao Longo dos Anos
O ano de 2021 foi especialmente notável, registrando o maior volume de investimentos, com US$ 5,7 bilhões captados em 363 rodadas. Já 2019 ficou marcado como o ano em que mais startups foram fundadas, com 298 novas fintechs, totalizando 2.214 empresas em atividade na região naquele período. Hoje, a América Latina conta com 2.712 fintechs ativas, sendo que 58,7% delas estão no Brasil, seguido pelo México, com 20,7% do total.
As fintechs de crédito lideram em número, com 477 startups, representando 18% do total de negócios no setor. Em termos de investimentos, as fintechs de serviços digitais dominam, tendo captado US$ 5,3 bilhões nos últimos dez anos. As soluções de crédito também se destacam, com US$ 3,1 bilhões recebidos.
Inovações e Regulações
O Banco Central do Brasil (BC) tem desempenhado um papel crucial no avanço do setor, implementando importantes inovações e regulamentações. Entre as mais recentes, destaca-se a transação por Pix por aproximação, em parceria com Google Pay e Apple Pay, que deverá ser lançada ainda este ano. Além disso, o BC está trabalhando na regulação do Banking as a Service (BaaS), um modelo que promete revolucionar a oferta de serviços bancários.
Outra iniciativa importante é a implementação de programas de educação financeira nos bancos, com o objetivo de ampliar a conscientização e o conhecimento financeiro dos cidadãos. Essas ações refletem um movimento crescente no setor educacional, como apontado no EdTech Report 2024.
Além do Pix, o Banco Central também está desenvolvendo o Drex, um sistema em fase de testes que utiliza um token de Real World Assets (RWA) para operações entre indivíduos, empresas e transações B2B. No campo legislativo, as fintechs brasileiras agora têm a opção de apurar o Imposto de Renda com base no lucro presumido, potencialmente reduzindo a carga tributária em até 50%. Essa mudança tem o potencial de tornar o mercado financeiro nacional ainda mais competitivo, estimulando a criação de novas startups.
Principais Tendências no Mercado Fintech
O setor de fintechs na América Latina continua a evoluir, adotando tecnologias emergentes e expandindo seu alcance além das transações financeiras tradicionais. A inteligência artificial (IA) está no centro dessas inovações, com 83 fintechs da região já utilizando essa tecnologia, conforme o Emerging Tech Report 2024. A IA generativa é uma das tendências mais promissoras, com o potencial de adicionar entre US$ 200 bilhões e US$ 340 bilhões ao setor bancário global anualmente, aprimorando a personalização e as decisões estratégicas.
A tokenização de ativos também está ganhando espaço, com previsão de crescimento de US$ 6,8 bilhões em 2024 para US$ 23,4 bilhões até 2032, de acordo com a Market Research Future. Esse movimento não passa despercebido pelo Banco Central, que está priorizando a regulação dessa nova fronteira digital.
Em suma, as fintechs latino-americanas não só sobreviveram aos desafios dos últimos anos, mas também emergiram como líderes na transformação digital do setor financeiro, abraçando novas tecnologias e expandindo seus serviços para além das transações financeiras tradicionais.