A inovação tornou-se um pré-requisito indispensável para o mundo empresarial e, em particular, para o sector financeiro.
Em um mundo onde os avanços tecnológicos invadem nossas vidas cotidianas antes que possamos assimilá-los, a inovação se transformou em um pré-requisito indispensável para o mundo empresarial e o setor financeiro em particular. Nesse contexto, graças à incorporação de metodologias ágeis, soluções inovadoras e tecnologia disruptiva, as fintechs ganharam um grande terreno nos últimos anos. Em contraste, os grandes bancos tradicionais não conseguiram seguir o mesmo caminho, apesar de disporem de muito mais recursos e um mercado consolidado. Esta situação levanta uma questão crucial: por que as fintechs estão superando os bancos em inovação?
Em um mundo onde os avanços tecnológicos irrompem em nossas vidas diárias antes mesmo que possamos assimilá-los, a inovação tornou-se um pré-requisito indispensável para o mundo dos negócios e para o setor financeiro em particular. Nesse contexto, graças à incorporação de metodologias ágeis, soluções inovadoras e tecnologia disruptiva, as fintechs ganharam muito espaço nos últimos anos. Em contrapartida, os grandes bancos tradicionais não souberam seguir o mesmo caminho, apesar de terem muito mais recursos e um mercado consolidado.
Essa situação paradoxal me levou a refletir várias vezes sobre por que um banco, que tem milhares de profissionais de tecnologia e capital suficiente para investir em inovação, perde dessa forma para uma fintech? A resposta mais lógica (embora errada) costuma ser: “porque as pessoas que trabalham em uma fintech são diferentes, mais criativas e empreendedoras do que aquelas que trabalham em bancos tradicionais”.
No entanto, essa afirmação ignora tanto a lógica quanto a realidade empírica: os bancos como um todo têm muito mais recursos do que as fintechs como um todo, então eles poderiam atrair talentos simplesmente melhorando sua remuneração. Mais precisamente, é o que vem acontecendo ao longo de toda a última década, sem grande impacto nas velocidades relativas de ambos os tipos de instituições.
A resposta correta, em sua versão minimalista, é que Bancos e Fintechs não têm o mesmo ponto de partida, não operam sob as mesmas regras do jogo e, o mais importante, não têm os mesmos objetivos.
Os grandes bancos têm, por definição, um ponto de partida infinitamente mais complexo do que o de uma fintech. Sem entrar em detalhes técnicos, vamos pensar apenas no grande número de pontos de contato que gerenciam, como agências físicas, agências móveis, caixas eletrônicos, forças de vendas e call centers e na maior diversidade de produtos, serviços e segmentos que oferecem. As fintechs, por outro lado, tendem a focar exclusivamente no mundo digital, e em um pequeno número de produtos e segmentos.
Essa diferença de complexidade inicial, aliada à idade média muito maior dos bancos, gera o que se chama de “entropia tecnológica”, que é uma tendência a desorganizar seus sistemas. Um banco tradicional tem milhares de softwares ativos que não se comunicam corretamente, param de funcionar, têm problemas de estabilidade ou se tornam obsoletos. É extraordinariamente difícil manter esse ecossistema legado operacional ao mesmo tempo em que inova.
A complexidade da integração desses programas é muitas vezes subestimada. Por exemplo, quando um banco compra de outro, ele herda não apenas os clientes, mas também os sistemas, contratos e softwares da instituição adquirida. Integrar tudo isso de forma coerente é uma tarefa dantesca e muitas vezes impossível. Em uma analogia simples, é como mudar a asa de um avião enquanto ele está voando.
Mas nem tudo é exógeno ou inevitável. Fintechs, constroem seus próprios softwares ou buscam provedores altamente especializados, os grandes bancos, mais avessos ao risco, optam por provedores conceituados que oferecem uma ampla gama de soluções genéricas, que são aceitáveis para todos os setores, mas perfeitas para nenhuma. Embora possa parecer uma escolha segura, essas tecnologias não se encaixam nas necessidades específicas e únicas que o setor financeiro exige, além de não terem sido projetadas levando em conta a complexidade dos sistemas legados que essas instituições possuem.
Outro ponto a destacar é o das regras do jogo. Embora a regulamentação tenda para a convergência, ainda é muito assimétrica em muitos mercados. As fintechs tendem a ter um tratamento menos rigoroso, em parte por razões paradigmáticas, mas muitas vezes por razões lógicas. Por exemplo, uma fintech financiada inteiramente por um investidor institucional pode ser muito mais flexível ao emprestar dinheiro, já que seu erro afeta apenas seu “dono”, enquanto o banco empresta dinheiro de pequenos poupadores, que o regulador pode proteger limitando a frouxidão das políticas de crédito.
O último ponto, e menos comentado, é que Bancos e Fintechs têm objetivos muito diferentes, não porque os profissionais que neles trabalham são essencialmente diferentes, mas porque seus investidores ou proprietários são. 94% dos bancos do mundo são lucrativos, enquanto apenas 1% das fintechs ganham dinheiro. Por outro lado, as fintechs inovam e crescem em número de clientes a taxas dez vezes maiores que as de um banco.
O investidor conhece essa realidade e, ao investir em uma empresa, declara tacitamente sua preferência. Se um banco decidisse inovar e crescer a um ritmo alto, negligenciando sua rentabilidade, seu dono poderia dizer: se eu quisesse isso, teria investido em uma fintech.
Se uma fintech limitasse sua inovação e crescimento e imediatamente focasse na rentabilidade, seu dono poderia dizer: se eu quisesse isso, teria investido em um banco.
Portanto, a falta de inovação dos bancos em relação às fintechs não se deve à falta de talento ou de compreensão de sua importância. É em grande parte uma questão de contexto, sistemas legados complexos, estratégia tecnológica conservadora, aderência à regulamentação e priorização de objetivos.