All Calls, liderança remota e “oxigênio social”:
A visão de Yanina Bustos, CHRO da N5 Now, sobre como sustentar a cultura organizacional e o bem-estar digital em equipes distribuídas.
Em um contexto em que o trabalho remoto deixou de ser uma exceção para se tornar uma estratégia, Yanina Bustos, Chief Human Resources Officer (CHRO) da N5, compartilha sua visão sobre por que as All Calls são muito mais do que reuniões operacionais.
Segundo ela, são rituais culturais que fortalecem o senso de pertencimento, promovem conversas transparentes e cuidam do bem-estar das equipes distribuídas em diferentes geografias.

1. Cultura e conexão
Em equipes que já não compartilham um espaço físico, como é possível preservar — ou até fortalecer — o sentimento de pertencimento? Qual é o papel dos momentos coletivos, como as All Calls, nessa missão?
Em culturas organizacionais em que a modalidade remota faz parte de uma definição estratégica, esse tipo de iniciativa é uma ferramenta fundamental para garantir a continuidade do trabalho e dos negócios.
Além disso, incentiva a colaboração entre as equipes e promove a conexão humana. Também gera vantagens competitivas ao reunir talentos distribuídos em diferentes locais.
2. Liderança e transparência
Muitas All Calls acabam se tornando monólogos da diretoria. Com base na sua experiência, como um líder pode transformar esse momento em um espaço genuíno de diálogo e confiança?
Em um contexto dinâmico e distribuído, a liderança remota exige uma adaptação consciente em relação aos estilos tradicionais.
A transformação do modelo de trabalho não ocorre apenas ao treinar equipes em ferramentas digitais, mas sim ao desenvolver um novo “modo de liderar”.
Na minha experiência, o verdadeiro desafio está em que, como líderes, devemos estar conscientes das novas competências necessárias para gerenciar equipes em ambientes de trabalho remoto.
Essas competências adquirem uma dimensão estratégica diferente, exigindo empatia, flexibilidade e capacidade de adaptação a diferentes estilos de colaboradores e culturas.
Um ambiente remoto não é “um escritório à distância”, mas sim um modelo projetado para a excelência colaborativa, a agilidade e a inovação — onde as equipes se sentem conectadas, autônomas e alinhadas aos objetivos estratégicos e ao propósito que as une.
Esses espaços se transformam à medida que a liderança se prepara para construir momentos de comunicação clara e proativa, com foco em resultados, mas também em escuta ativa e feedback constante.
O empoderamento das equipes, por meio da visibilidade de seus resultados, traz reconhecimento e inspiração — ao mesmo tempo em que se promove o bem-estar digital em ambientes seguros.
3. Rituais e bem-estar
Por que é importante entender as All Calls não apenas como uma reunião operacional, mas como um ritual cultural que impacta na motivação e no bem-estar organizacional?
Em um ambiente remoto, a interação informal — as conversas casuais, os cumprimentos, os risos — praticamente desaparece.
Não existe o “corredor digital”.
Por isso, quando uma reunião virtual é planejada como um ritual (com propósito, constância e espaço para o humano, além do operacional), ela ajuda a resgatar esses elementos culturais de pertencimento.
Pesquisas mostram que a comunicação social durante reuniões virtuais melhora o engajamento e a coesão entre os membros da equipe.
Em síntese, essas “cápsulas” concebidas desde o início como oxigênio social promovem conexão e bem-estar psicológico, impulsionam a motivação estruturada, dão continuidade e segurança na mudança do modelo de trabalho, e evitam que a tecnologia se torne uma barreira.
Em última análise, a visão de Yanina Bustos convida a repensar as All Calls como algo muito além de um item na agenda: são espaços de design cultural.
Quando planejadas com propósito, consistência e foco no humano, essas reuniões virtuais tornam-se verdadeiras usinas de confiança, alinhamento e bem-estar psicológico.
Num mundo de trabalho distribuído e em constante reinvenção, o desafio para as organizações — e para seus líderes — não é apenas dominar a tecnologia, mas usá-la para criar oxigênio social: momentos em que a comunicação clara convive com a escuta ativa, o reconhecimento e o cuidado com os vínculos.
É justamente aí que a cultura organizacional deixa de ser um enunciado e se transforma em experiência cotidiana para cada pessoa da equipe.
Por Yanina Bustos, Chief Human Resources Officer (CHRO) de N5 Now.

